segunda-feira, dezembro 11, 2006

...memórias...


O viver não é senão o cair na desilusão do pesar. Sobrevivi a grande parte das quedas, mas esta foi sem dúvida a mais dura. Evito lembrar o que não consigo esquecer, mas não é fácil…não é fácil ignorar que a porta atrás de mim se fechou e desta vez para se trancar!
Não foi em vão que o sussurrar de palavras demasiado doces chegou até mim; a pouco e pouco deixei-as caminhar na direcção mais apaixonada. E sem qualquer receio, a sua chegada foi recebida com um sorriso, que embora demorado, permanece até hoje. Percebo que a minha espontaneidade superou a minha racionalidade e que me venceu de forma triunfal. Agora procuro correr, mas não me empenho em fazê-lo… Estive na meta, abdiquei, permaneci no precipício; e caí!!! É duro… é duro olhar para trás e percepcionar o outro lado. Pensar que o passado é um erro e que o presente não vive senão desse mesmo erro… Vasculho em mim as memorias que mais me magoaram, mas apercebo-me de que nada me magoou mais do que o sentimento que por mim entrou. Os momentos, os sorrisos, os toques, os beijos, até aquela falta de jeito em abraçar-me, em tocar-me no cabelo…, tudo, tudo foi bom!! E embora doa, tudo isto fez parte de mim, tudo isto eu vivi. E não posso permitir que uma lágrima, uma ira tal destrua a complementaridade de cada momento.
A porta fechou… Mas as janelas continuam entreabertas, na procura de um refúgio, de uma palavra de consolo que por ali voe…Será afinal que o viver é o cair na desilusão do pesar?... Ou uma réstia de todos os instantes que vivemos e queremos abrigar em nós?...