quarta-feira, dezembro 13, 2006

Deliciando os momentos!

Planei no sabor do vento. Escondi a verdade do passado e habitei numa imensidão de cruzeiros. Desconheci. Previ. Sorri no horizonte quando me apercebi da metafísica latente existente no olhar de tudo o que sempre desejei e procuro viver. Apercebo-me que estou sentada numa plataforma onde o chão é o ponto invisível do meu olhar. Recolho no meu hemisfério as palavras, o toque do que me rodeia. Não procuro a cidade com o melhor sol ou a pessoa com o melhor sorriso. Vagueio na simplicidade dos passos, e caminho de mão dada, numa enorme intimidade, com o vazio. Sempre o ignorei e agora aqui sentada socorro-me dele na partilha de segredos, e de sorrisos que timidamente e de forma prepotente procuro disfarçar.
O voo continua; contudo não me sinto a voar. Sentei-me na nuvem mais convidativa e adormeci. Chorei o passado por não ter sabido como o aproveitar, mas sobrevivi no vasto costume do que é a vida. Não pretendo retratar o fenómeno que é viver ou insistir na descrição do desagrado, da virtude ou do cordial. Procuro voar até à f
elicidade. Sofro do perfeccionismo que está em constante regressão. Absorvo o lado salutar do habitar na Terra e percorro as encruzilhadas dos momentos…dos momentos que valem, de facto, a pena viver.
Quantas vezes quis estar onde não estou! Quantas vezes quis ir onde não fui! Há o desgosto, a desilusão temporária e o mundo continua a girar. Havia que parar, sentar-se comigo e chorar o meu sofrimento! Mas o seu ilusório egoísmo é não só a maneira mais determinante de nos fazer erguer e compreender que só chegamos ao fim quando caímos e nos deixamos ficar deitados. Mas a questão supera-me! Quem quer continuar deitado quando as gotas de água caem na nossa face ou o sol brilha na nossa pele? O mundo é demasiado (im)perfeito para ficarmos a contemplar o caminhar da vida sem nós. Há que correr! A queda é justamente o momento de reflexão que o obstáculo nos proporciona.
Aquele momento! A troca de olhares ou aquele sorriso que significou muito mais do que isso…isso sim faz todo o sentido! Não interessa a cor do vestido que usas mas a cor que ele te faz sentir que usas; não interessa se a chuva te molha quando por dentro o sol habita em ti, não interessa se o mundo te ignora, quando um sorriso significa tudo…naquele momento tu foste, és e serás sempre especial! Somos especiais, daí estarmos aqui. Somos actores do nosso próprio ser e por isso temos de aprender a chorar, a sorrir, a gritar, a lamentar em cada momento de nós! Porque a vida é saborear todos os momentos! E o momento é o contemplar da nossa existência!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

...memórias...


O viver não é senão o cair na desilusão do pesar. Sobrevivi a grande parte das quedas, mas esta foi sem dúvida a mais dura. Evito lembrar o que não consigo esquecer, mas não é fácil…não é fácil ignorar que a porta atrás de mim se fechou e desta vez para se trancar!
Não foi em vão que o sussurrar de palavras demasiado doces chegou até mim; a pouco e pouco deixei-as caminhar na direcção mais apaixonada. E sem qualquer receio, a sua chegada foi recebida com um sorriso, que embora demorado, permanece até hoje. Percebo que a minha espontaneidade superou a minha racionalidade e que me venceu de forma triunfal. Agora procuro correr, mas não me empenho em fazê-lo… Estive na meta, abdiquei, permaneci no precipício; e caí!!! É duro… é duro olhar para trás e percepcionar o outro lado. Pensar que o passado é um erro e que o presente não vive senão desse mesmo erro… Vasculho em mim as memorias que mais me magoaram, mas apercebo-me de que nada me magoou mais do que o sentimento que por mim entrou. Os momentos, os sorrisos, os toques, os beijos, até aquela falta de jeito em abraçar-me, em tocar-me no cabelo…, tudo, tudo foi bom!! E embora doa, tudo isto fez parte de mim, tudo isto eu vivi. E não posso permitir que uma lágrima, uma ira tal destrua a complementaridade de cada momento.
A porta fechou… Mas as janelas continuam entreabertas, na procura de um refúgio, de uma palavra de consolo que por ali voe…Será afinal que o viver é o cair na desilusão do pesar?... Ou uma réstia de todos os instantes que vivemos e queremos abrigar em nós?...