sábado, abril 21, 2007

....Esquecer...Relembrar

O viver não é senão o cair na desilusão do pesar. Sobrevivi a grande parte das quedas, mas esta foi sem dúvida a mais dura. Evito lembrar o que não consigo esquecer, mas não é fácil…não é fácil ignorar que a porta atrás de mim se fechou e desta vez para se trancar!Não foi em vão que o sussurrar de palavras demasiado doces chegaram até mim; a pouco e pouco deixei-as caminhar na direcção mais apaixonada. E sem qualquer receio, a sua chegada foi recebida com um sorriso, que embora demorado, permanece até hoje. Percebo que a minha espontaneidade superou a minha racionalidade e que me venceu de forma triunfal. Agora procuro correr, mas não me empenho em fazê-lo… Estive na meta, abdiquei, permaneci no precipício; e caí!!! É duro… é duro olhar para trás e percepcionar o outro lado. Pensar que o passado é um erro e que o presente não vive senão desse mesmo erro… Vasculho em mim as memorias que mais me magoaram, mas apercebo-me de que nada me magoou mais do que o sentimento que por mim entrou. Os momentos, os sorrisos, os toques, os beijos, até aquela falta de jeito em abraçar-me, em tocar-me no cabelo…, tudo, tudo foi bom!! E embora doa, tudo isto fez parte de mim, tudo isto eu vivi. E não posso permitir que uma lágrima, uma ira tal destrua a complementaridade de cada momento.A porta fechou… Mas as janelas continuam entreabertas, na procura de um refúgio, de uma palavra de consolo que por ali voe…Será afinal que o viver é o cair na desilusão do pesar?... Ou uma réstia de todos os instantes que vivemos e queremos abrigar em nós?...

Posso desejar?!

Perdi me por entre as vozes que se assombram no meu pensamento. Quem sou?... Não sei! Quem quero ser….

Quando nos apercebemos que estamos sós caímos no abismo, desejamos ter alguém, desejamos o desejo de ser amados, desejamos ser outro ser! A vida revolta-nos. O mundo parece ter desabado. O sentido de existir simplesmente…não existe!
Quando nos apercebemos que não estamos sós, mas queremos estar? Desejar não ouvir um gosto de ti, justamente porque por detrás dessa frase existem duas dores…a dor de quem não pode amar e dor de quem não é amado. Sinto-me doente nos momentos em que a vida me concede a oportunidade de ser feliz, e a minha obsessão não o permite.. Bem sei que o meu viver é construído de incertezas. Mas neste momento a minha única certeza é que não sou feliz!!


O vento sopra-me ao ouvido à espera de uma resposta que não consigo encontrar. Desejava que ele me amasse, que ele me fizesse sentir que a vida vale a pena só porque nós existimos e estamos juntos! Sinto-me ridícula nos instantes em que simplesmente não há uma troca de olhares, de palavras, de sorrisos…Apenas actos, sem sentimento!
Mereço?! Mereço saber que há alguém que me deseja, que me pode fazer feliz e eu continuo a teimar num alguém que nunca me fará feliz?
Dói…hoje mais que ontem! E amanha vai doer mais que hoje…! Posso permitir que o sentimento que nutre em mim, continue a magoar-me?! Como é que abrando um sentir dual que só persiste em mim?


Porque às vezes o coração não pode comandar a vida…é tempo de recomeçar!